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Ilha do Ferro - AL em 07 dias

Atualizado: 25 de jun.

07 dias no sertão alagoano vivendo a vida sertaneja, ribeirinha regada a arte popular.


Uma das belíssimas casas do Ferro
Uma das belíssimas casas do Ferro

O sertão alagoano tem entrado na rota do turismo muito impulsionado pela valorização da arte popular e seus incríveis artistas que vem ganhando espaço em exposições dentro do universo da arte contemporânea. O lugar onde concentra-se inúmeros artistas e onde o vilarejo vive 100% disso somado a pesca é a Ilha do Ferro - que não é uma ilha, é um pequeno vilarejo de artesãos. Sim, o Ferro vive e respira arte em cada cantinho. Ali, o conceito de comunidade, aquilombamento ainda é muito presente. Mesmo com o boom de muitos artistas locais, eles preservam e mantêm seus pés, valores e crenças bem enraizados aquela terra e resistem.


É um lugar onde prevalece o olho no olho, a presença, as trocas genuínas, a escuta e olhar atento as pessoas, suas histórias, sua arte, sua visão de mundo. Um lugar onde o apego nas presenças e trocas, no agora. 

 

Eu estive em maio de 2025 e passei 07 dias por lá. Fui em baixa temporada, então eu praticamente era a única turista de longa estadia, o que sem dúvidas, tornou essa vivência ainda mais especial.


Se você decidir visitar esse espaço, vá de mente e coração aberto, pise com muito respeito nessa terra e trate muito bem cada pessoa que vive nesse lugar. Parece o óbvio, mas não custa reforçar. O tempo é outro, a vida é outra ali, quando comparado a vida nos grandes centros.


Como chegar 


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Carro: melhor opção por conta da dificuldade de acesso a ilha, as condições da estrada e a liberdade de circular por locais vizinhos.


Transfer: eu fui nesse esquema, roots total, e foi uma experiência antropológica e também exaustiva. Sai da rodoviária de Maceió com a van do Galego que faz diariamente esse trajeto de Maceió x Pão de Açúcar as 11h. A van custa 70,00 só que ela vai parando em alguns lugares no Centro de Maceió e também na estrada. O Galego é a única pessoa que faz esse trajeto, então meio que todo mundo depende dele. A van vai socada, mesmo! E são quase 4h. Pelos 70,00 valeu demais. A van para em Pão de Açúcar e de lá você precisa ter um outro transporte para chegar na Ilha. Que pode ser moto (se você tiver só com mochila), barco (dias e horários restritos) ou carro. Eu fechei o transporte com o seu Chiquinho e esse trajeto de 40min-1h ficou por 200,00. A estrada é muito ruim, é sertão a dentro e praticamente você não encontra pessoas que fazem esse trajeto.


Na volta, eu descolei um contato do Transfer que sai de Olhos D´Água (15min de Pão de Açúcar) com o Elves e sai 90,00 no carro com mais 3 pessoas. Recomendo demais! Ele faz esse trajeto também todos os dias até Maceió, com exceção de domingo. 


Contato Galego (82) 99829-1546   

Contato Seu Chiquinho (82) 99340-2874

Contato Elves (82) 99932-2848


Lembrando que você também pode chegar na Ilha via Aracaju - Sergipe. A passagem até e mais barata. Vale pesquisar antes.


Onde se hospedar


A minha escolha foi a casa Cactos que é casa - pousada @casacactopousada. É uma super casa com 6 quartos na beira do Velho Chico, fica bem na rua principal do Centrinho. É uma paz, foi uma super experiência ficar hospedada lá. A casa é super equipada e você pode cozinhar a sua comida, curtir momentos na rede, na sala, na cadeira de balanço, na varanda. Achei um excelente custo x benefício, 


A ilha não tem muitas opções de pousada, tem a pousada da Vana, o hostel Tubarana e a Redário.


As outras opções são aluguel das casas - eu super recomendo se tiver com pelo menos 2 pessoas. Ah, se prepare porque todas as casas são belíssimas desde a fachada até a decoração com arte popular de super bom gosto. É uma piração para quem curte decoração. A vontade é você querer morar lá pra sempre ou comprar todas as artes para levar para a sua rs.

 

Ateliês


Os conhecidos ateliês são em sua maioria a casa dos artistas. Em um primeiro momento você vai estranhar entrar na casa deles, mas vai perceber que é parte da cultura e da experiência. Vá com tempo livre, disposto a conhecer as histórias - é muita aula de vida, cultura e inspiração que você tem a cada troca. 


Em poucos minutos ali, você já vira da família, tá tomando café, chá, comendo um bolo, recebendo frutas da horta de alguns deles. Isso aqui é o ponto alto da viagem! As pessoas são muito especiais e te recebem de braços abertos.



Acho legal dar uma olhada geral, tirar foto das peças que mais gostou para escolher com calma. Porque dá vontade de comprar tudo! O único problema é que durante a alta temporada as peças acabam rapidamente. Tem muito trabalho impecável, cada um com sua característica.


  • Ateliê do Farias

  • Ateliê do Petrônio (com o plus de conhecer durante a visita a Célia, sua esposa. Imperdível.)

  • Ateliê Zé Crente

  • Galeria Dom do Renato Brandão

  • Ateliê do Dedé Santos

  • Casa dos artesãos na ilha (visitar todas as casas)

  • Ateliê do Clemilton (Mata da Onça que inclui as obras da sua família Vanuza - mãe e Ailton - irmão)

  • Casa do Tuta em Curralinho

  • Ateliê Boca do Vento, Camile Rodrigues neta do Fernando Rodrigues

  • Ateliê do Abelardo

  • Ateliê do Cícero e Salvinho

  • Ateliê do Vavan

  • Cooperativa das Bordadeiras com o bordado Boa Noite

  • Ateliê da Roxinha e Domingos, em Lagoa de Pedra (imperdível)

  • Museu da Ilha do Ferro: quem administra as visitas é a Vânia, ela mora na casa ao lado e basta ir lá para pedir para abrir.


Passeios aos arredores

  • Barco para Mata da Onça, Curralinho, Ilha dos Anjos: parada obrigatória.

  • Lajedo seu Ricardo e Jeuza, uma experiência maravilhosa para um café da manhã ou café da tarde no pôr do sol. Praticamente tudo que eles oferecem é produzido por eles, inclusive o queijo coalho de comer rezando. Eu fui no fim do dia para o por do sol e ainda peguei a lua nascendo, foi bem especial ver o sol no meio do sertão, recomendo muito! 


  • Pão de Açúcar: o dia certo de ir até lá é às segundas feiras quando acontece a famosa feira onde todas as cidades e povoados vão até Pão de Açúcar fazer compras seguido do tradicional forró no Bar do Vaqueiro que começa em torno de 11h e vai até umas 15h, no máximo. Vivência cultural imperdível. Meu único ponto de atenção, se você é viajante mulher sola, o sertão ainda tem traços extremamente explícitos de machismo e assédio. Se você estiver na baixa temporada no forró, como foi o meu caso, não é um lugar confortável para estarmos, eu era a única mulher do bar. Eu só consegui ficar porque chegaram mais 2 casais de turistas que estavam na ilha. Me senti invadida nos olhares e muito desconfortável no forró. Valeu ter ficado, mas acho importante ressaltar e alertar outras mulheres.




Onde comer ou sair a noite

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  • Bar O Macumba: onde os turistas marcam presença a noite. Geralmente rola um forró ou uma programação bacana. O André é o dono e super gente boa de trocar ideia.

  • Casa da D. Lucia: encomendar ceviche de piranha com macaxeira (de comer rezando), ceviche de banana da terra com manga, sardinha (a melhor da vida) e encomenda de almoço. Você precisa conhecer e comer a comida da D. Lucia!

  • Encomenda de peixe e camarão fresco para fazer em casa com o Marcelo.

  • Bar do Bobó, onde você encontra água de coco, além de cerveja, sinuca e quebra queixo.

  • Café da Ilha: final de tarde para café, lanche, docinho 

  • Recanto do Calango: o caldinho de camarão é de comer rezando. Peguei um forró com brega maravilhoso lá.




Dicas gerais


  • Tomar banho todos os dias no Velho Chico. Cada banho nesse rio é uma benção e uma limpeza do corpo e da alma. De manhã cedinho é uma delícia ficar por lá.

  • O sertão é muito quente o dia inteiro e isso torna também os passeios e visitas aos ateliês mais cansativos. A noite a temperatura melhora bem, mas ainda sim é quente.

  • Beber muita água!

  • Faça compras antes de ir. Na vila, você encontra um mercadinho bem simples, não vende legumes, frutas, verduras. 

  • Peixe fresco você compra com os pescadores da ilha. 

  • Leve itens básicos de farmácia e primeiros socorros porque não tem farmácia na ilha.

  • Qualquer necessidade de compra, atendimento de saúde mais sério são 40min - 1h até Pão de Açúcar e ainda sim não é nada tão incrível. 


O que eu não consegui fazer

  • Ateliê do Boró

  • Ateliê Gledson e Dani - filho Zé Crente

  • Ateliê Leno - na estrada pro Ferro do lado direito de quem tá indo pro Ferro

  • Ateliê do Veio 

  • D. Morena Teixeira, casa ao lado do Museu. Ela é um patrimônio vivo da ilha, poetisa e rezadeira, tem 99 anos. Quando eu estive na ilha ela estava internada por problemas de saúde.

  • Casa da Ilha: galeria e antiques (final da tarde serve tábua de frios,vinho,drinks). Estava fechado quando eu fui porque a dona estava viajando.

  • Entremontes: bordado labirinto, boa noite e rendede. Infelizmente eu não consegui ir. 

  • Piranhas: também não consegui ir, mas acho que vale passar pelo menos 2 -3 dias por lá durante o fim de semana que tem um agito noturno legal e um restaurante super recomendado. Eu fiz os cânions em uma outra viagem quando estive em Aracaju. E sim, vale muito conhecer! Quero voltar para conhecer Piranhas.


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