João Pessoa & Desafios
- Natasha Sawaya
- 2 de ago. de 2020
- 2 min de leitura
Atualizado: 13 de dez. de 2020
Mas por que Jampa te transformou tanto? Vamos lá, foram muitas mudanças e como toda mudança, aprendizados!
Meus primeiros desafios:
Sair da bolha do Rio de Janeiro e em especial a bolha da zona sul que eu vivia naquela época (mesmo morando na Lapa nesse período).
Morar longe das pessoas que eu amava.
Ter um relacionamento afetivo à distância.
Trabalhar a 60km de distância de onde eu morava em uma cidade que não era asfaltada e não tinha saneamento básico, na época, 24.000 pessoas a habitavam, boa parte em condições precárias, um verdadeiro choque de realidade, realidade de grande parte do nosso Brasil tão desigual.
Acordar de segunda a sexta as 05h00 (eu ODIAVA acordar cedo) para pegar o ônibus que me levava até o trabalho e passava pontualmente as 05h45 na esquina da minha casa (e por algumas vezes eu perdi e fui salva pelos companheiros de labuta).
Trabalhar com uniforme de fábrica e EPIs, saindo com o cabelo duro todos os dias de pó de cimento.
Ser a única mulher no time de liderança da fábrica e uma das poucas mulheres dentro de um ambiente de trabalho com mais de 400 pessoas e extremamente machista.
Aprender a sorrir e conversar antes das 07h00 (as pessoas que trabalhavam comigo antes das 07h00 já estavam muito animadas e cheias de energia e por mais que eu tivesse saído da cama há quase 2h eu não tinha verdadeiramente despertado, queria ficar em silêncio e muitas vezes tinha mau humor, administrar isso era desesperador).
Comer comida de refeitório de fábrica todos os 05 dias da semana (é claro que a primeira amizade foi com a nutricionista da fábrica para negociar minimamente a minha alimentação) e almoçar com as pessoas que faziam uma montanha de comida no prato (e eu naquela época, julgava como inadmissível porque é claro, estava completamente fora da realidade que eu vivia - minha visão de mundo ainda bastante limitada).
Começar uma vida sozinha e do zero! Em uma cidade predominantemente conservadora, machista e que enxerga, muitas vezes, as pessoas vindas do Sul e Sudeste, como "roubando" oportunidade ou são mais valorizadas que a população local. Eu precisava desconstruir essa imagem e ocupar meu espaço.
Entender que a vida não era só trabalho, Jampa fez questão de esfregar na minha cara até eu entender que eu precisava MUDAR.
Os primeiros meses dos seis que inicialmente eu teria por lá foram apenas trabalho de segunda a sexta até altas horas (chegava do trabalho e continuava trabalhando e me afogando em um pote de nutella) e aos finais de semana eu curtia sim uma bela praia, fugindo para não encontrar ninguém do trabalho.
Quando eu soube que os 06 meses não tinham mais prazo de retorno, ai a ficha caiu e eu comecei a processar sobre como eu comandaria a minha vida a partir dali. Foi ai que as coisas realmente começaram a mudar aqui dentro ...
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